terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Um pouco de minha história pessoal e transformação de percepções.

Bom dia!

Antes de continuar a abordar este fascinante assunto de consciência, vou compartilhar um pouco da história que me obrigou a explorar os pontos comuns entre fenômenos e seres.

Lá estava eu, não amava nem os Beatles, nem os Rolling Stones, era o terceiro ano do ensino médio, e eu estudava no GISNO (pronuncia-se djáiznou), escola pública da Asa Norte. Eu era um desses moleques sem perspectiva, porque era amigo da desconfiança, como Raul, eu desconfiava da verdade absoluta desde criança - eu lia Turma da Mônica, Platão, Castaneda, Lobsag Rampa e de vez em quando tentava achar alguma pista na Bíblia, qd era pirralho.

Vou falar um tico da minha infância feliz, antes de continuar sobre o GISNO.

Certa vez, quando tinha uns 9 anos, fui perguntar pra uma sapientíssima professora de Ensino Religioso quem tinha feito a natureza. Ela respondeu com toda a certeza: "Deus". E eu questionei: "massa, e quem fez deus?". Vocês precisavam ver a cara da infeliz. Como responder uma coisa dessas pra quem ainda cheira a leite? Então ela prontamente encontrou uma saída: "a natureza"...

Uouw! Foi mesmo uma grande frustração! Eu estava verdadeiramente atrás da resposta, e aquilo me pareceu muito inconsistente, mas não adiantava questionar - ninguém sabia responder ao enigma, obviamente. Mas eu sou da galera de touro, teimoso como uma mula, e não quis saber, estudei budismo, espiritismo, hinduísmo, hermetismo (ciências ocultas - Eliphas Levi, Franz Bardon, etc), astrologia, o básico de física quântica, psicanálise, neodarwinismo, e por aí vai... Fui lendo aqui e alí uma coisa ou outra pra tentar achar algum significado nisso que tá rolando aí fora, o universo.

Daí veio o Ensino médio, e as perspectivas não eram muito animadoras. Eu, particularmente, achava insuficiente apenas viver, sem tentar compreender o porquê das coisas. Não queria usar este magnífico mistério, o tempo e o espaço, para sustentar o mecanismo social, apenas. Naqueles dias, eu considerava a vida cotidiana um desperdício de possibilidades. Quase reprovei o terceiro ano, já que não fazia nada além de pensar metagnosias.

Contudo, e como dizem os sábios, muda em você, o mundo muda pra você. Quem procura acha. Eu quis algo diferente e foi quando conheci, ainda no GISNO uma pessoa sem igual até então no mundo que me cercava. Era a xamanista e brilhante professora Kawati Kaw - mulher madura, MUITO INTELIGENTE, e muito doida, andava com bornéu, boina, roupas levemente hippies, penas nos cabelos... E tinha uma cara superséria! Coisa bizarra mesmo.

Vez ou outra na aula ela mandava umas frases tipo "o que está em cima é como o que está embaixo" (essa é atribuída a hermes trimegistus), ou falava sobre mitos de diferentes culturas. Ela fazia brilhar os olhos da sala toda, quando expunha seus conhecimentos de mitologias comparadas. Contextualizava política, religião, arte e filosofia quando explicava sobre determinado período histórico. Eu, claro, fiquei impressionado! Quem era esta criatura, porque estava alí, me dizendo coisas que ninguém mais dizia, e pior, coisas que eu entendia, ou achava que entendia.

Começamos a conversar nos corredores, papos sobre o espírito que habita as formas de vida, que ela chamava de entes, sobre realidade, conexão, essas coisas de gente doida. Teve um dia que ela me deu uma pedra, hahaha, uma sodalita, e disse com a cara mais séria: leia a pedra! E eu: hã?! qual foi aí, cara?! E ela explicou, disse que pedras são registros, que contam histórias e que a gente pode ler elas. Putz, imagina, eu surtei nessa onda, fui lá ler a pedra, e pior, ainda fui tentar contar pra ela que que eu tinha lido. Caraca, e enquanto isso a vida seguia, provas, vestiba, trampo...

Me amarrava na Kawati Kaw, ela tinha um apelido, Pandora do Vale. Ela sempre foi super engraçada, contava muitas boas histórias, super culta, conhecia absurdos de literatura! E ela sim amava os Beatles e os Rolling Stones, era do movimento mesmo, rock na veia. Fomos ficando amigos e ela foi me mostrando uma face do mundo que eu jamais teria conhecido por outras fontes. Vi, acompanhado de seus sábios ensinamentos, The Wall, Waking Life, 13º andar, Koyaanisqatsi, Yellow Submarine... Enfim, vídeos, músicas, livros que expandiram minha forma de entender qualquer coisa da minha vida, e minha relação com o meio que me cerca.

E assim foi com o tempo... Aprendi o valor do cativar, aprendi a ser paciente, aprendi a respeitar a natureza em cada manifestação de vida, me tornei outra pessoa. Li terence Mackenna e tudo do Castaneda. Contudo ainda ansiava por respostas e mais respostas... Eu queria experimentar livremente minha consciência, queria desdobramento astral, ter domínio sobre tudo que forma meu ser. Tal como estava escrito em todos os registros espirituais, eu queria a iluminação - como se fosse assim, simples.

(...)
Bom está enorme, e preciso ainda tocar adiante uns projetos, por isso paro por aqui hoje. Juro que amanhã continuo a falar de Pandora do Vale e minha iniciação no mundo xamânico, de quando conheci a visão dos feiticeiros tolteca sobre a realidade. E isso enquanto estagiava e fazia faculdade. Como unir a sabedoria ancestral com a vida hodierna? veremos...

Abraços!

Do fenômeno da consciência e a unidade de todos os seres.

Sejam bem-vindos.
Escolhi o nome Panacéia Contagiosa. Panacéia vem do grego, e significa "cura para todos os males". Minha proposta é fazer da reflexão a chave para a catarse humana. Revendo conceitos, experimentando novas organizações de idéias, baseadas na observação da vida que nos cerca, pretendo provocar debates com o objetivo de construir progressivamente, junto com quem por aqui passar, novas formas de entender nosso papel na existência, nossa relação com a natureza, para que nos libertemos de imagens do passado que já não respondem às perguntas do presente, dado nosso desenvolvimento ininterrupto de saberes ao longo da história de nossa espécie. Adaptar a sabedoria acumulada para entender este agora. Vamos lá?


Do início...

Planeta Terra: Água, ar, fogo, diamantes, árvores, formigas, macacos... Carbono, hidrogênio, oxigênio, etc...

A tabela periódica está aí, ao nosso redor, desde que o mundo é mundo, voando de um lado pro outro. E já sabemos que não há fenômeno isolado neste universo. Tudo que existe existe porque se relaciona com todo o resto. A gravidade é um exemplo de relação que um punhado de coisa pode ter com outro punhado.

Observemos, por exemplo, uma goiabeira (ou uma gramínea), com atenção. Se formos espertos, logo vamos entender que ela usa da substância da Terra para formar seu corpo de planta. Pega água, nutrientes, ar, luz... Enfim, utiliza-se da matéria disponível para ter uma forma, e esta forma serve para que a goiabeira continue existindo, cresça, produza frutos, flores, folhas...

Acontece que os seres vivos têm existência temporal, portanto, a matéria continua seu ciclo por aí quando desaparece a consciência que habita o corpo. Ou seja, daí já podemos considerar que todos os seres vivos desta imensa esfera azulada constroem seus corpos com a mesma matéria, a matéria do planeta. Repetindo: o material de todos os corpos é o mesmo e é a própria substância do planeta, voando lá e cá, transformando-se através dos tempos.

Bem, matéria tem a mesma origem etimológica que mãe, vem do Latim: 'mater'. É o que abriga a consciência, dá corpo à vida, nutre os seres. Matéria e energia são a mesma coisa - vibração. Vibração é a característica comum de tudo que existe. Existe, então vibra, e vice-versa.

Então juntemos os fatos. Pensemos nisso como sendo o aspecto comum entre todos os seres: fazem da energia disponível corpos que servirão para manterem-se vivos, absorvendo vibrações em diferentes graus de manifestação para que algo alí dentro do corpo (que some quando a morte visita) experimente a vida.

Observe seu corpo, chega de árvores! Pense: que ele faz?
Uai, mantém-se vivo. Mantém-se funcionando. Aquele esquema, ar, água, blablabla. Metaboliza, usa, devolve ao meio. Mas pra quê? ... ora pois, tá na cara, ou melhor, na cabeça: É para que sua mente continue percebendo o que está acontecendo ao redor, guardando informações, experimentando a existência. A consciência é o motivo da coisa. Veja bem, é o que estamos prontos pra fazer, nosso corpo, nossa mente. É o que fazemos - e acredito que aí está a resposta. A natureza é auto-explicativa, observando seu comportamento, podemos entender melhor o que está acontecendo.

Considere. Há um fenômeno, um mesmo fenômeno em todos os seres, que usa de um mesmo punhado de matéria para fazer a mesma coisa em diferentes formas temporais: existir, perceber, experimentar a existência. Aquilo em nós que percebe, isto também está nas moscas e nos fungos. E embora sejam manifestações distintas, há o ponto comum que me permite dizer: somos todos um.

Agora vem a parte empolgante. É a Terra. Aliás, SOMOS a Terra. Pense, mesma matéria, mesmo fenômeno. A representação da consciência do planeta e suas possibilidades, de seu comportamento, somos nozes. Através de nós, natureza, seres e energias, expressa-se a vida que anima todo o corpo do globo (chame como quiser: pachamama, gaia, etc).

Voltando um pouco, pensemos sobre a existência, as relações, a não-possibilidade de fenômenos isolados. O que isso implica? Ora, está tudo conectado intimamente, por isso, tudo é a mesma coisa - o todo (observe a sabedoria gramatical: todo é singular). A não existência é inconcebível, afinal, existe... e mesmo que possamos debater longamente sobre isso, vamos acordar no dia seguinte, comer e a vida segue. Existe, então não tem como não existir.

O que existe? Tudo.

Como assim? Uma vez que não há fenômeno isolado, e tudo está conectado, então não tem início, nem fim, nem borda. Há toda e qualquer possibilidade de existência existindo.

Da vontade primordial que faz essa sopa dinâmica de tudo que se manifesta acontecer, não temos visão, mas ela acontece através da matéria, existiu = energia. E sendo assim, tudo que vibra é a manifestação do que pode existir.

Queria provocá-los amigos. Ainda há muito o que falar, mas com esta diminuta introdução pretendo dar início a debates que culminarão em reflexões profundas acerca de nossos conceitos, visões de mundo. Agradeço sua visita e espero tê-los instigado a participar deste projeto, observando e pensando, assim daremos vida ao termo: Panacéia Contagiosa!

Abraços.