Bom dia!
Antes de continuar a abordar este fascinante assunto de consciência, vou compartilhar um pouco da história que me obrigou a explorar os pontos comuns entre fenômenos e seres.
Lá estava eu, não amava nem os Beatles, nem os Rolling Stones, era o terceiro ano do ensino médio, e eu estudava no GISNO (pronuncia-se djáiznou), escola pública da Asa Norte. Eu era um desses moleques sem perspectiva, porque era amigo da desconfiança, como Raul, eu desconfiava da verdade absoluta desde criança - eu lia Turma da Mônica, Platão, Castaneda, Lobsag Rampa e de vez em quando tentava achar alguma pista na Bíblia, qd era pirralho.
Vou falar um tico da minha infância feliz, antes de continuar sobre o GISNO.
Certa vez, quando tinha uns 9 anos, fui perguntar pra uma sapientíssima professora de Ensino Religioso quem tinha feito a natureza. Ela respondeu com toda a certeza: "Deus". E eu questionei: "massa, e quem fez deus?". Vocês precisavam ver a cara da infeliz. Como responder uma coisa dessas pra quem ainda cheira a leite? Então ela prontamente encontrou uma saída: "a natureza"...
Uouw! Foi mesmo uma grande frustração! Eu estava verdadeiramente atrás da resposta, e aquilo me pareceu muito inconsistente, mas não adiantava questionar - ninguém sabia responder ao enigma, obviamente. Mas eu sou da galera de touro, teimoso como uma mula, e não quis saber, estudei budismo, espiritismo, hinduísmo, hermetismo (ciências ocultas - Eliphas Levi, Franz Bardon, etc), astrologia, o básico de física quântica, psicanálise, neodarwinismo, e por aí vai... Fui lendo aqui e alí uma coisa ou outra pra tentar achar algum significado nisso que tá rolando aí fora, o universo.
Daí veio o Ensino médio, e as perspectivas não eram muito animadoras. Eu, particularmente, achava insuficiente apenas viver, sem tentar compreender o porquê das coisas. Não queria usar este magnífico mistério, o tempo e o espaço, para sustentar o mecanismo social, apenas. Naqueles dias, eu considerava a vida cotidiana um desperdício de possibilidades. Quase reprovei o terceiro ano, já que não fazia nada além de pensar metagnosias.
Contudo, e como dizem os sábios, muda em você, o mundo muda pra você. Quem procura acha. Eu quis algo diferente e foi quando conheci, ainda no GISNO uma pessoa sem igual até então no mundo que me cercava. Era a xamanista e brilhante professora Kawati Kaw - mulher madura, MUITO INTELIGENTE, e muito doida, andava com bornéu, boina, roupas levemente hippies, penas nos cabelos... E tinha uma cara superséria! Coisa bizarra mesmo.
Vez ou outra na aula ela mandava umas frases tipo "o que está em cima é como o que está embaixo" (essa é atribuída a hermes trimegistus), ou falava sobre mitos de diferentes culturas. Ela fazia brilhar os olhos da sala toda, quando expunha seus conhecimentos de mitologias comparadas. Contextualizava política, religião, arte e filosofia quando explicava sobre determinado período histórico. Eu, claro, fiquei impressionado! Quem era esta criatura, porque estava alí, me dizendo coisas que ninguém mais dizia, e pior, coisas que eu entendia, ou achava que entendia.
Começamos a conversar nos corredores, papos sobre o espírito que habita as formas de vida, que ela chamava de entes, sobre realidade, conexão, essas coisas de gente doida. Teve um dia que ela me deu uma pedra, hahaha, uma sodalita, e disse com a cara mais séria: leia a pedra! E eu: hã?! qual foi aí, cara?! E ela explicou, disse que pedras são registros, que contam histórias e que a gente pode ler elas. Putz, imagina, eu surtei nessa onda, fui lá ler a pedra, e pior, ainda fui tentar contar pra ela que que eu tinha lido. Caraca, e enquanto isso a vida seguia, provas, vestiba, trampo...
Me amarrava na Kawati Kaw, ela tinha um apelido, Pandora do Vale. Ela sempre foi super engraçada, contava muitas boas histórias, super culta, conhecia absurdos de literatura! E ela sim amava os Beatles e os Rolling Stones, era do movimento mesmo, rock na veia. Fomos ficando amigos e ela foi me mostrando uma face do mundo que eu jamais teria conhecido por outras fontes. Vi, acompanhado de seus sábios ensinamentos, The Wall, Waking Life, 13º andar, Koyaanisqatsi, Yellow Submarine... Enfim, vídeos, músicas, livros que expandiram minha forma de entender qualquer coisa da minha vida, e minha relação com o meio que me cerca.
E assim foi com o tempo... Aprendi o valor do cativar, aprendi a ser paciente, aprendi a respeitar a natureza em cada manifestação de vida, me tornei outra pessoa. Li terence Mackenna e tudo do Castaneda. Contudo ainda ansiava por respostas e mais respostas... Eu queria experimentar livremente minha consciência, queria desdobramento astral, ter domínio sobre tudo que forma meu ser. Tal como estava escrito em todos os registros espirituais, eu queria a iluminação - como se fosse assim, simples.
(...)
Bom está enorme, e preciso ainda tocar adiante uns projetos, por isso paro por aqui hoje. Juro que amanhã continuo a falar de Pandora do Vale e minha iniciação no mundo xamânico, de quando conheci a visão dos feiticeiros tolteca sobre a realidade. E isso enquanto estagiava e fazia faculdade. Como unir a sabedoria ancestral com a vida hodierna? veremos...
Abraços!
É tempo de construirmos, juntos, novas visões de mundo. Adaptar a sabedoria humana acumulada aos nossos dias, para que possamos guiar melhor nossas vidas e ensinar a viver neste mundo. Dedicarei este espaço virtual para compartilhar e debater experiências, idéias e percepções livres de conceitos deterministas, mas utilizando da linguagem ora científica, ora espiritual, sem pender pra nenhum dos lados. Equilíbrio, reflexão. Acredito que aí está a chave para uma verdadeira Panacéia Contagiosa.
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Muito legal e bem escrito o texto! Me deixou com vontade de saber mais sobre essa história.
ResponderExcluirVocê escreve muito bem.
:)